Filosofia: Ensino e Pesquisa

Direitos Fundamentais e Democracia!

sábado, 26 de novembro de 2011

Fé Bahá'í



Segue abaixo alguns princípios sociais, que segundo folder de divulgação da Fé Bahá'i foram revelados por Bahá'u'lláh e que irão unir o mundo.

  • Eliminação de todos os tipos de preconceitos;
  • Harmonia essencial da religião com a ciência e a razão;
  • Igualdade de direitos e oportunidades para homens e mulheres;
  • Independente pesquisa da verdade;
  • A consulta como método de decisão grupal;
  • Um idioma mundial auxiliar;
  • Eliminação dos extremos de riqueza e pobreza;
  • Um parlamento mundial;

Como será a unidade mundial?

Esta é a Ordem Mundial que há de vir, segundo o conceito bahá'i:

  • Um mundo no qual a guerra é banida para sempre e as energias da humanidade são aplicadas exclusivamente a empreendimentos construtivos.
  • Um mundo onde todos os homens se veem uns aos outros como irmãos e as diferenças de cor, etnia, credo e nacionalidade já deixaram de ser fatores de preconceitos, sendo, ao contrário, elementos de aprazível variedade numa vasta cultura cosmopolita.
  • Um mundo isento de barreiras alfandegárias, havendo um próspero intercâmbio internacional de mercadorias.
  • Um mundo onde barreiras de línguas são superadas pelo uso de um idioma auxiliar universal.
  • Um mundo no qual o conflito longo e amargo entre capital e trabalho é substituído por uma cooperação efetiva, baseada na divisão dos lucros e na mutualidade dos interesses.
  • Um mundo de abundância onde a riqueza individual é limitada e a miséria é abolida definitivamente.

Fonte: Folder "O que é a Fé Bahá'í? Origem, princípios e objetivos"

Outras informações:

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Carta do cacique Seattle - 1855



A carta do cacique Seattle é famosa. Foi endereçada ao ex-presidente dos Estados Unidos da América, Franklin Pierce, como resposta à sua proposta para comprar as terras dos Peles Vermelhas. Mais do que uma resposta, ela é um documento histórico que revela o pensamento, o sentimento e a cultura da tribo duwamish. De uma beleza poética singular, a carta apresenta duas concepções de natureza etnicamente conflitantes. Uma pertence ao povo duwamish e a outra concepção, ao chefe branco americano. Apesar de quase um século e meio de existência, o documento escrito em 1855 tem sobrevivido a inúmeras versões. Mas continua atual.


"O Grande Chefe de Washington mandou dizer que deseja comprar a nossa terra. O Grande Chefe assegurou-nos também de sua amizade e benevolência. Isto é gentil de sua parte, pois sabemos que ele não precisa da nossa amizade. Vamos, porém, pensar em sua oferta, pois sabemos que se não o fizermos, o homem branco virá com armas e tomará nossa terra. O Grande Chefe de Washington pode confiar no que o Chefe Seattle diz, com a mesma certeza com que nossos irmãos brancos podem confiar na alteração das estações do ano. Minha palavra é como as estrelas - elas nunca empalidecem. Como podes comprar ou vender o céu, o calor da terra? Tal ideia nos é estranha. Se não somos da pureza do ar ou do resplendor da água, como então podes comprá-los? Cada torrão desta terra é sagrado para meu povo. Cada folha reluzente de pinheiro, cada praia arenosa, cada clareira e inseto a zumbir são sagrados nas tradições e na consciência do meu povo. A seiva que circula nas árvores carrega consigo as recordações do homem vermelho. O homem branco esquece a sua terra natal, quando, depois de morto vai vagar por entre as estrelas. Os nossos mortos nunca esquecem esta formosa terra, pois ela é a mãe do homem vermelho. Somos parte da terra e ela é parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs; o cervo, o cavalo, a grande águia – são nossos irmãos. As cristas rochosas, os sumos das campinas, o calor que emana do corpo de um mustang, o homem - todos pertencem à mesma família. Portanto quando o Grande Chefe de Washington manda dizer que deseja comprar nossa terra, ele exige muito de nós. O Grande Chefe manda dizer que irá reservar para nós um lugar em que possamos viver confortavelmente. Ele será nosso pai e nós seremos seus filhos. Portanto vamos considerar a tua oferta de comprar nossa terra. Mas não vai ser fácil, não. Porque esta terra é para nós sagrada. Esta água brilhante que corre nos rios e regatos não é apenas água, mas sim o sangue de nossos ancestrais. Se te vendemos a terra, terás de te lembrar que ela é sagrada e terás de ensinar a teus filhos que é sagrada e que cada reflexo espectral na água límpida dos lagos conta os eventos e as recordações da vida de meu povo. O rumorejar da água é a voz do pai de meu pai. Os rios são irmãos, eles apagam nossa sede. Os rios transportam nossas cargas e alimentam nossos filhos.Se te vendermos nossa terra, terás de te lembrar e ensinar a teus filhos que os rios são irmãos nossos e teus, e terás de dispensar aos rios a afabilidade que darias a um irmão. Sabemos que o homem branco não compreende o nosso modo de viver. Para ele um lote de terra é igual a outro, porque ele é um forasteiro que chega na calada da noite e tira da terra tudo o que necessita. A terra não é sua irmã, mais sim sua inimiga, e depois de a conquistar, ele vai embora. Deixa para trás os túmulos de seus antepassados e nem se importa. Arrebata a terra das mãos de seus filhos e não se importa. Ficam esquecidos a sepultura de seu pai e o direito de seus filhos à herança. Ele trata sua mãe - a terra, e seu irmão - o céu, como coisas que podem ser compradas, saqueadas, vendidas como ovelha ou miçanga cintilante. Sua voracidade arruinará a terra, deixando para trás apenas um deserto: Não sei. Nossos modos diferem dos teus. A vista de tuas cidades causa tormento aos do homem vermelho. Mas talvez isto seja assim por ser o homem vermelho um selvagem que de nada entende. Não há sequer um lugar calmo nas cidades do homem branco. Não há lugar onde se possa ouvir o desabrochar da folhagem na primavera ou o tinir das asas de um inseto. Mas talvez assim seja por ser eu um selvagem que nada compreende. O barulho parece insultar os ouvidos. E que vida é aquela se um homem não pode ouvir a voz solitária do curiango ou de noite, a conversa dos sapos em volta de um brejo? Sou um homem vermelho e nada compreendo. O índio prefere o suave sussurro do vento, purificado por uma chuva do meio-dia, ou recendendo o pinheiro. O ar é precioso para o homem vermelho, porque todas as criaturas respiram em comum - os animais, as árvores, o homem. O homem branco parece não perceber o ar que respira. Como um moribundo em prolongada agonia, ele é insensível ao ar fétido. Mas se te vendermos nossa terra, terás de te lembrar que o ar é precioso para nós, que o ar reparte seu espírito com toda a vida que ele sustenta. O vento que deu ao nosso bisavô o seu primeiro sopro de vida, também recebe seu último suspiro. E se te vendermos a nossa terra, deverás mantê-la reservada, feita santuário, como um lugar em que o próprio homem branco possa ir saborear o vento, adoçado coma fragrância das flores campestres. Assim pois, vamos considerar tua oferta para comprar a nossa terra. Se decidirmos aceitar, farei uma condição: O homem branco deve tratar os animais desta terra como se fossem seus irmãos. Sou um selvagem e desconheço que possa ser de outro jeito. Tenho visto milhares de bisões apodrecendo na pradaria, abandonados pelo homem branco que os abatia a tiros disparados do trem em movimento. Sou um selvagem e não compreendo como um fumegante cavalo de ferro possa ser mais importante do que o bisão que nós, os índios, matamos apenas para o sustento de nossa vida. O que é o homem sem os animais? Se todos os animais acabassem, o homem morreria de uma grande solidão de espírito. Porque tudo quanto acontece aos animais logo acontece ao homem. Tudo está relacionado entre si. Deves ensinar a teus filhos que o chão debaixo de teus pés são as cinzas de nossos antepassados. Para que tenham respeito ao país, conta a teus filhos que a riqueza da terra são as vidas da parentela nossa. Ensina a teus filhos o que temos ensinado aos nossos: que a terra é nossa mãe. Tudo quanto fere a terra fere os filhos da terra. Se os homens cospem no chão, cospem sobre eles próprios. De uma coisa sabemos: a terra não pertence ao homem, é o homem que pertence à terra. Disto temos certeza. Todas as coisas estão interligadas, como o sangue que une uma família. Tudo está relacionado entre si. Tudo quanto agride a terra, agride os filhos da terra. Não foi o homem quem teceu a trama de vida: ele é meramente um fio da mesma. Tudo que ele fizer à trama, a si próprio fará."

sábado, 5 de novembro de 2011

Crime e Punição - Clara Wichmann


Você poderia argumentar que muitas coisas eram diferentes em 1919, mas a pacifista holandesa Clara Wichmann com certeza tinha algumas idéias progressistas sobre crime e punição...  


Por que a punição é aplicada? A maioria das pessoas nem se fazem essa pergunta. Para elas é óbvio que prisões existam, celas nas quais aqueles que transgrediram as leis penais desta sociedade são trancafiados por semanas ou meses ou até mesmo anos. Elas andam perto dessas prisões e não se perturbam com sua existência.

Outras que examinaram esta questão acham fácil responder: um senso de justiça, elas dizem, demanda retribuição pela injustiça; cometida. Ou elas defendem os interesses da sociedade e concluem que a sociedade deve se proteger contra as infrações à ordem impedindo o crime, melhorando, se possível, o criminoso, e, se isto, na sua opinião, não for possível, deve-se torná-lo inofensivo.



Dor e exclusão

Este raciocínio presume que a pessoa que infringe as leis penais existentes é uma pessoa ruim e que a sociedade a qual a maioria condena tais pessoas é uma sociedade verdadeiramente humanitária. Ele também pressupõe que infligir dor e exclusão são reações apropriadas contra “criminosos”. Do fundo do coração, achamos tudo isso errado e trágico: uma ilusão doentia que perpetua relações desumanas.

É obviamente falso que nossa lei atual represente uma verdade eterna. Ela protege a classe dos proprietários, ela mantém as relações de propriedades vigentes como se valessem ser mantidas a qualquer preço. É agradável e fácil pensar que a maioria das pessoas condenadas são moralmente deficientes e a maioria dos não-condenados são pessoas de uma ordem superior. Na verdade, porém, não é assim tão simples!

Em todos os países, a vasta maioria das pessoas condenadas, mesmo em relação à sua proporção na população, pertence às classes sem propriedades! Se o crime unicamente procedesse da “maldade dos corações”, seria esse ainda o caso?



Correção” e intimidação

Vamos pensar naqueles criminosos que realmente precisariam melhorar. O que a punição faz para eles? A punição os rebaixa, os humilha, rouba deles todo e qualquer poder de recuperação. Desde o início do processo criminal, eles são colocados em oposição à sociedade, considerados inimigos.

Como resultado disso todo o desenvolvimento interior, que se segue a toda ação e também a todo feito errôneo, é rompido. O processo interior de cura é perturbado. Na realidade, atualmente, o criminoso ainda não é tratado como ser humano, mas processado como uma coisa. Tudo que merece ser chamado humano lhe é negado na prisão. Na prisão ele (ou ela) nem tem a oportunidade de transformar suas boas resoluções em ação. Isto é o motivo pelo qual a correção do criminoso por intermédio da prisão é impossível.

Pode a prisão então intimidar? Pouco. Elevação ou queda da criminalidade são, em geral, determinadas por causas completamente diferentes do efeito da punição. Isto é continuamente demonstrado pelo grande número de ofensores reincidentes. Mas, acima de tudo, todo o conceito de intimidação é imoral, pois considera os seres humanos somente como um meio.

Torná-los inofensivos então? Pouco. O próprio termo é indigno! E o resultado dessa tentativa é que muitos deixam a prisão “mais nocivos” do que quando entraram. Desperte a bondade nas pessoas, faça o que pode para fortalecê-lo, para deixar toda a capacidade positiva e construtiva dentro deles crescer; mas não tente torná-los “inofensivos”.

Em alguns criminosos “incorrigíveis”, parece que nada de bom pode ser despertado. Em toda sua pessoa parecem subumanos, vítimas de degeneração... Deveríamos considerá-los e tratá-los como pessoas doentes e não pensar em “puni-los” mais do que hoje iríamos punir pessoas loucas.



O conceito de punição

Mais poderoso do que todos estes “propósitos” que se espera atingir com punição é o velho princípio de represália que vive nas pessoas em que a vingança se escondeu. Ele requer que a pessoa que causou sofrimento também sofra dor, ele quer “reembolso” de tudo e vingança.

O direito penal é apenas uma manifestação de algo que encontramos em todos os domínios da vida pessoal e social. Com profunda convicção nós nos opomos a todo o conceito de punição. Não é assim que a relação de seres humanos para seres humanos deveria ser. Não é a maneira como as pessoas deveriam enfrentar uns aos outros.

Nós propomos outro princípio de vida: não devemos julgar. Não devemos retaliar. Não devemos punir. Não devemos recompensar. Mas devemos tentar, com todo o poder dentro de nós, criar uma sociedade verdadeiramente humanitária, na qual as condições para crescimento e desenvolvimento para todas as pessoas estejam presentes. Devemos tentar — em nós mesmos e nos outros — superar o mal pelo bem. O crime só pode ser combatido indiretamente — não destruindo forças, mas despertando forças, transformando aquilo que começou de forma destrutiva em algo construtivo.

Numa verdadeira Comunidade haveria a disposição para ajudar uns aos outros a superar nossas dificuldades. Para tanto estaríamos preparados para sacrificar muito “interesse” imediato. Não teríamos, como agora, sempre em mente os “objetos da lei que estão ameaçados”, mas os seres humanos, que sempre enfrentam uma luta consigo mesmo. Quando um dos nossos sucumbiu nessa luta, saberíamos que foi nosso fracasso comum.

Apesar de nos alegrarmos com cada melhoria real que é feita no direito penal e no sistema penal — nossa meta é mais ampla. Pedimos uma transformação radical, não mudanças parciais. Vemos um outro princípio aparecer no horizonte — uma nova era, uma humanidade fraternal, que irá romper o princípio de punição.
 

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Fonte: Texto traduzido do original holandês escrito em junho de 1919 e publicado pela revista Peace News
em fevereiro de 2002. Dra. Clara Meijer Wichmann foi chefe do departamento de estatística criminal da Agência Central de Estatística do governo holandês.


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quarta-feira, 2 de novembro de 2011

A Flor da Permacultura - Ética e Princípios de Design





Fonte: Permacultura - Cultura Permanente - Bill Mollison e David Holmgreen , 1978 - "A Flor da Permacultura" - Holmgren, 2005