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quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Constelação Familiar - Antonio Marques




                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                       “O amor num nível mais elevado exige que nós transformemos o amor cego que cria e perpetua o sofrimento, num amor que cura.” (Bert Hellinger)



Quem é Bert Hellinger?


Anton "Suitbert" Hellinger (1925), conhecido simplesmente como Bert Hellinger, é um psicoterapeuta, filósofo, ex-padre, inventor das Constelações familiares nascido na Alemanha. Família católica, aos 10 anos, foi seminarista em uma ordem católica não alinhada ao nazismo. Apesar disso, aos 17 anos se alistou no exército e combateu com os nazistas no front, sendo preso na Bélgica. Aos 20 anos, com o fim da guerra, se tornou padre. Se formou no curso de Teologia e Filosofia na Universidade de Würzburgo em 1951. Foi enviado como missionário católico para a África do Sul, onde atuou como diretor de várias escolas. Em 1954, obteve o título de Bacharel de Artes da Universidade da África do Sul em 1955, graduou-se em Educação Universitária e 1960 abandono o clero e voltou à Alemanha. Entre suas influências estão: Gestalt-terapia, psicanálise, Terapia Primal e Análise Transacional. Hellinger é casado, pela segunda vez, com Marie Sophie, com quem mantém cursos, oficinas e seminários em vários países.



O que é a Constelação Familiar?

É um método psicoterapêutico breve, intenso e com abordagem sistêmica desenvolvido pelo filósofo e psicoterapeuta alemão Bert Hellinger.


O que significa dizer que é Sistêmica?

Significa dizer que além de um EU somos um NÓS. Nossas decisões e atitudes não beneficiam ou prejudicam somente a nós próprios e menos ainda somente no presente, mas refletem em todo o nosso sistema familiar e extrapolam nossa geração. O método revela que o desequilíbrio não pode ser considerado apenas como um fenômeno pessoal, muitas doenças, sintomas (mas também alegrias, potencialidades e habilidades) estão, de alguma forma, relacionadas com o sistema familiar, são transgeracionais. As experiências psíquicas dos meus ancestrais estão pulsando em mim. Eu sou eu e minhas circunstâncias, mas também minha ancestralidade.


Como funciona?

As pessoas que estão presentes no grupo são colocadas para representar os membros ou as questões das relações pessoais do cliente: família, grupo social, empresa ou, sua saúde e doença. Um representante, convocado a representar um membro da família, passa a se sentir como a pessoa a qual representa (física, emocional, racional e espiritualmente), mesmo sem saber nada a respeito dela. Os representantes, sentem em si os movimentos da alma do sistema do cliente, são informações que aparecem no Campo Fenomenológico das Constelações e que o cliente não tinha acesso a elas de forma consciente. Estas informações podem ser atuais ou antigas, de antepassados. Graças à representação, o cliente pode perceber onde o seu amor está emaranhado e pode enxergar o seu próximo passo na busca de uma vida mais leve, livre, harmônica e fluída.


Campo mórfico ou morfogenético, o que é?

O Campo morfogenético é uma espécie de caixa preta, uma espécie de inconsciente coletivo. Nele transita informações de toda a família. Sempre que grupos se formam, uma inteligência superior, que zela pelos mesmos, também é criada. Consciência de clã. Nele, as almas se comunicam em silêncio. O falado e o não falado se comunicam.


A ideia de campo mórfico tem antecedentes:

Virginia Satir: psicoterapeuta americana,

Levy Moreno: criador do psicodrama, e

Rupert Sheldrake:
biólogo, bioquímico, parapsicólogo, escritor e palestrante britânico. Pesquisa temas como Teoria da morfogênese e Teoria dos campos morfogenéticos. Apoia-se em conceitos da Física Quântica como, por exemplo, a não localidade.



Quais os objetivos da terapia de Constelação?

Parar os danos da herança epigenética,  transmissão de experiências ocorridas com os pais para os filhos e que não ocorre através do gens. Parar com padrões indesejados de comportamentos e sentimentos que se repetem nas famílias e grupos familiares ao longo de gerações;

Encontrar a melhor solução para uma situação deteriorada, reorganizando o campo. A melhor solução inclui todos, os que erraram e os que acertaram;

Autoconhecimento e conhecimento: trazer à consciência o que está oculto.

Auxiliar na tomada de consciência: ao se tomar consciência da sua atual configuração sistêmica, encontra-se também o caminho para as soluções capazes de restaurar o equilíbrio, a alegria, e o bem-viver.

Atuar em níveis profundos e inconscientes das pessoas e do sistema familiar ao qual pertencem.

Evolução pessoal: melhoria das relações familiares e interpessoais nas escolas e no trabalho.

Ensinar-nos a ver o não visto e a vê-lo de modo diferente. Quando falamos de consciência, não há retorno, não tem para trás. Apenas pelo fato de ver diferente, mas corretamente, um problema, já iniciamos a solução do mesmo.

Ensinar-nos a acolhermos e aceitarmos nossa sombra,

Auxiliar-nos a acharmos nosso lugar, sentirmos parte e sermos gratos pela vida,

Auxiliar-nos a livrarmos de bagagens emocionais desnecessárias.

Auxiliar-nos na nossa individuação. A tornarmos nós mesmos, autenticamente. Ficarmos integrados, despedindo de nossa máscara.

Harmonizar-nos com nosso passado. Só nos libertamos do nosso passado nos harmonizando com ele,


Quais são os temas-problemas mais comuns?

 “Casamentos errados”: a mãe "casada" com o avô, a filha "casada" com o pai, o filho "casado" com o mãe,

Adultério,

Emoções: arrogância, orgulho, depressão, vergonha, raiva (vontade de jogar o filho pela janela), culpa (a gente se culpa de crescer, é preciso se despedir da culpa),

Esquizofrenia,

Estagnação: fica batendo a cabeça por muito mais tempo que a maioria,

Exclusão, rejeição, abandono, indisponibilidade (emocional ou sexual),

Exploração,

Martírio (há pessoas que vivem em função dos outros, dão uma de mártir, e se sacrificam muita das vezes indo para o buraco. É preciso despedir-se das missões exageradas.),

Mortes prematuras ou trágicas,

Pobreza: bloqueio para não prosperar,

Relações: pais brigados, a mãe vê a filha como rival, não consegue constituir família, não consegue se relacionar bem com a mãe,

Roubo,

Suicídio,

Violência: verbal, física (assassinato), psíquica, sexual (estupro), alienação parental,

Vitimização,...


Como funciona? Como a Constelação atinge estes objetivos?

Três Leis

A constelação se baseia na crença da existência de 3 leis que atuam nos relacionamentos humanos as quais Bert inicialmente chamou de Ordens do Amor. São princípios que regem o bom ou mal funcionamentos de todas as relações.

Ordens do Amor porque tudo tem uma intenção de amor, tudo é por amor. Inclusive agressores agem à serviço de um campo. "ninguém tem culpa", mas quase sempre se tem responsabilidade. Mas o mesmo amor que cura é também o amor que adoece, quando é por exemplo, um amor possessivo ou infantil.


As leis são:

1. Pertencimento:  odireito e a necessidade de pertencer ao grupo ou clã, estabelecido pelo vínculo,

2. Hierarquia: estabelecida pela ordem de chegada no grupo ou clã. Os que chegaram antes tem prevalência em relação aos chegaram depois. Isto vale dentro dos sistemas e entre sistemas. Dentro do sistema familiar, por exemplo, os pais vem antes dos filhos, os filhos antes dos netos. Numa empresa, por exemplo, o departamento financeiro vem antes dos demais, os funcionários vem antes do lucro. Entre família e empresa, a família tem precedência.

3. Equilíbrio de troca: estabelecido pelo dar e receber. Nossos pais nos deram tudo, porque eles nos deram a vida. E a vida é tudo.

Quando tais princípios são violados, surgem compensações que atuam nos membros pertencentes ao sistema e sua violação é percebida somente através das suas consequências: depressões, doenças, dificuldades nos relacionamentos, dificuldades financeiras, etc.

Percebemos a desordem (o emaranhado) dessas forças sob a forma de sofrimento e doença. Em contrapartida, percebemos seu fluxo harmonioso como uma sensação de estar bem no mundo.


A melhor forma:

Os emaranhados interrompem o fluxo do amor e portanto é preciso dissolvê-los. A melhor forma é aquela que reorganiza o desequilíbrio, identifica qual ou quais leis foram feridas e apresenta uma solução. 

Lei do “Dar e receber”: propõem um equilíbrio,

Lei da Hierarquia: ajuda a pessoa a encontrar e aceitar o seu lugar

Lei do Pertencimento: inclui o excluído, dá um lugar para ele,

Apenas pela compreensão destas leis já mudamos aspectos da nossa vida.


A constelação familiar é eficaz?

A constelação tem melhorado a vida de muitas pessoas, mas como todas as demais técnicas, não é uma ferramenta absoluta.

A ação última é da pessoa: ajudar muitas vezes não é o melhor a fazer. O pintinho que sai do ovo, a borboleta que sai do casulo, o macaco que tira o peixe d’água, a mãe que lava a louça do filho... Mas quando ajudar for o caso, só é possível, se a pessoa se permite e mesmo assim é limitado, pois não está nas mãos do terapeuta salvar ninguém.


Não julgamento: nossa sombra, nossa dor, nossa coragem

Acolher nossa sombra: Tudo que excluímos, seguramos em nós. Quanto mais reprimimos nossos instintos, mais eles se apoderam de nós. Quanto mais resistimos, mais eles crescem. O sábio alimenta os dois lobos que vive em si. Se não, algum dia é devorado por um deles.

Errar: errar não é bom, mas permanecer no erro, negar um erro, não assumir um erro é muito pior. 

Às vezes as constelações nos “passam no liquidificador”, mas nossa força vem também do contato com nossa ferida. A nossa força está também na escuridão. Quem buscar luz, precisa mergulhar na escuridão. O autoconhecimento é difícil mas o único caminho para se chegar à cura é enfrentado a dor. O crescimento também dói. Por isso é preciso coragem para vivenciar este caminho de cura e conhecimento. 

No início a tendência é termos medo, mas depois queremos que arranque logo o espinho.


Obras do Bert Hellinger traduzidas para o português:


A Fonte Não Precisa Perguntar pelo Caminho pela Editora Atman

A Simetria Oculta do Amor pela Editora Cultrix

A Paz Começa na Alma pela Editora Atman

Amor a Segunda Vista pela Editora Atman

Conflito e paz: uma resposta pela Editora Cultrix

Desatando os laços do destino pela Editora Cultrix
L
iberados Somos Concluídos pela Editora Atman

No centro sentimos leveza pela Editora Cultrix

O Essencial É Simples pela Editora Atman

Ordens da Ajuda pela Editora Atman

Ordens do amor pela Editora Cultrix

Para que o Amor de Certo pela Editora Cultrix

Pensamentos a Caminho pela Editora Atman 

Religião, Psicoterapia e Aconselhamento Espiritual pela Editora Cultrix

Um Lugar para os Excluídos pela Editora Atman


Referências:

BERT HELLINGER. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2016. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Bert_Hellinger&oldid=46327345>. Acesso em: 1 ago. 2016.

CONSTELAÇÕES FAMILIARES. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2016. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Constela%C3%A7%C3%B5es_familiares&oldid=46879129>. Acesso em: 4 out. 2016.

Curso de Formação em Constelações Sistêmicas: Familiares, organizacionais, Pedagogia e Mediação Sistêmcia. 2016. Gold Soluções e Treinamentos. Facilitadores: Irinéia Meira, Frederico Ciongolli e René Schubert


RUPERT SHELDRAKE. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2016. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Rupert_Sheldrake&oldid=45399325>. Acesso em: 21 abr. 2016