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quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Chorar faz bem ao corpo e a alma


Quantos de nós ainda pequenos não fomos reprimidos por nossos pais e educadores que nos diziam para não chorar: "não chore", "engula o choro", eram essas suas principais frases ameaçadoras.

Quando adultos tendemos a repetir o mesmo comportamento dos nossos pais. Ainda hoje, quando vemos alguém chorando a nossa reação na maioria das vezes é consolar dizendo: "não chore", chorar não vale a pena", etc.

O pior é quando os pais ou educadores castigam ou espancam a criança e ao mesmo tempo a impedem ou proíbem de chorar. Neste caso a criança se vê numa condição de ambivalência extrema entre o desejo de chorar e o impedimento.

Como solução ela é lavada a inibir o choro e o faz tendo que contrair sua musculatura, tensionando os músculos da face, da garganta e os músculos abdominais. Quando isso acontece repetidamente as tensões se tornam inconscientes e crônicas com repercursões que aparecerão mais cedo ou mais tarde na vida adulta. Poderão se tornar pessoas deprimidas e melancólicas ou até mesmo repercussões em estruturas físicas como por exemplo distorções em seu aparelho bucal.

No entanto, sabemos que o choro é uma das emoções mais primitivas. O bebe nasce chorando e é essa a sua linguagem mais usada para expressar seu desconforto e seu descontentamento. Quando sente fome chora. Quando sente dor, chora, quando sente falta da mãe chora, etc. Quando o bebê chora ele relaxa e dorme profundamente. Neste caso pode surgir um outro problema: quando a criança chora e não é atendida em suas necessidades tanto físicas como emocionais, ela se sente abandonada. O sentimento de abandono é vivenciado como ameaça de morte ou seja, a criança se vê ameaçada em sua própria existência.

A criança é totalmente dependente de sua mãe ou figura substituta para ser alimentada e cuidada. Quando há uma falta da mãe seja ela real, por perda ou morte ou porque a mãe está deprimida ou ausente emocionalmente, isso deixa uma marca profunda em sua personalidade ou melhor dizendo em todo seu organismo.

Isto acontece principalmente quando a criança é muito pequena e está na fase de amamentação. Nesta fase do desenvolvimento infantil, a libido ou energia sexual esta circulando preferentemente na região oral. Esta se torna assim uma zona erógena, capaz de produzir prazer e de pequenos orgasmos, que são movimentos labiais involuntários e espontâneos produzidos por exemplo depois que a criança mama. A falta da amamentação ou uma amamentação puramente mecânica, sem um contato energético emocional da mãe com a criança pode produzir o que nós chamamos de fixação da energia ou libido no região oral. Isso irá originar quando adulto o chamado caráter oral, ou pelo menos traços de oralidade marcantes na persononalidade do indivíduo adulto. O indivíduo de caráter oral tem características físicas, psicológicas e bioenergéticas que lhe são peculiares. Tratam-se de pessoas cuja característica principal é a chamada oralidade, com grande capacidade de comunicação, pois têm muita facilidade com a oratória, falam muito. Em compensação energeticamente têm uma baixa de energia ou pouca carga. Isso funciona como uma bateria fraca com pouca carga energética ou seja, essas pessoas tendem constantemente a terem depressões freqüentes.

Corporalmente são pessoas altas e magras ou o contrário gordas e baixas, tendendo à obesidade. Psicologicamente, se caracterizam por serem extremamente inseguras e dependentes. São carentes de afeto e emocionalmente imaturas. Têm muita dificuldade de lidar com perdas e frustrações e o sentimento básico é de privação ou falta de afeto e abandono.

Outra possibilidade é o chamado caráter rígido, cujo nome já diz, sua principal característica é a rigidez. Neste tipo de caráter dizemos que a criança conseguiu passar razoavelmente bem por todas as fases do desenvolvimento infantil, mas a libido ou energia sexual ficou fixada na fase fálica. Tratam-se de pessoas extremamente exigentes e perfeccionistas e muito preocupadas com a performance ou aparência, ou seja, se preocupam muito com a imagem que o outro pode fazer delas. Temem a rejeição e fazem de tudo para se sentirem aceitas e amadas e não rejeitadas ou frustradas. Seus corpos são tensos e rígidos embora graciosos e belos. Tendem a inibir o choro tensionando a musculatura da face principalmente os masséteres e os dentes o que podem ocasionar problemas ortodônticos graves. Tensionam toda a musculatura do corpo principalmente a garganta e pescoço, bem como o abdômen e a pelves e pernas. São extremamente controlados, preocupados com sua imagem, tendem a inibir o choro por acharem que chorar é sinal de fraqueza. Isso é particularmente grave nos homens cuja educação é toda no sentido de serem durões e de não demonstrar sentimentos.

Quando nos tornamos adultos aprendemos a controlar nossas emoções e já não choramos mais. Muitas vezes até queremos chorar e não conseguimos. Isso acontece porque o controle já se tornou inconsciente através dos mecanismos de defesa e da musculatura cronicamente tensa.

Quando sofremos alguma perda ou nos frustamos a nossa reação é ficarmos tristes ou deprimidos e chorar. Quando conseguimos chorar sentimo-nos aliviados.

O ato de chorar está relacionado com a frustração. Quando desejamos algo e não conseguimos satisfazer-nos, isso gera em nós o sentimento de frustração.

Segundo Freud o criador da Psicanálise, o bebe funciona segundo o princípio do prazer/desprazer X princípio de realidade. Segundo o princípio do prazer, quando o organismo se carrega tende a buscar o prazer ou a satisfação de seus impulsos, ou seja, a descarga ou relaxamento. Quando a tensão aumenta, aumenta a carga e a criança sente como um desprazer o que é expresso através do choro, na busca de relaxamento ou descarga através da satisfação de seus impulsos.

Quando esses impulsos não são satisfeitos isso gera a frustração e sentimentos de dor, desprazer, tristeza e raiva. Quando o ego da criança vai se desenvolvendo ela vai aprendendo a protelar sua satisfação em detrimento do princípio de realidade, ou seja, esperar um pouco mais para obter uma satisfação maior. O controle das emoções implica na contração da musculatura. A criança aprende desde cedo a controlar suas emoções contraindo seus músculos, relacionados com o choro: os músculos da garganta e os músculos abdominais. No adulto esses músculos se tronam inconscientemente cronicamente tensos e bloqueiam a expressão emocional do choro. 

É comum a sensação de estarmos entalados ou sufocados pelo choro. Quando por outro lado conseguimos chorar profundamente, sentimos um relaxamento em toda a musculatura principalmente os músculos da garganta e o abdominais bem como o diafragma. Dizemos então que chorar faz bem pois alivia a dor, o corpo e a alma.

O choro contido é responsável por muitas doenças, tais como a depressão e outras doenças psicossomáticas. Se conseguimos chorar isso além de promover um relaxamento em todo nosso corpo, provoca uma sensação de bem estar geral, além do que transforma as nossas emoções. A criança depois que chora sente-se aliviada e daí a pouco já esta brincando e alegre. Nós adultos tendemos a controlar o choro e com isso retemos os nossos sentimentos de tristeza que podem se transformar em uma melancolia crônica.

Segundo o psicoterapeuta americano Alexander Lowen todos nós adultos temos motivos de sobra para choramos e o ideal seria que todos os dias pudéssemos chorar um pouco. Isso nos faria bem e faria nos sentirmos cada vez melhor e mais felizes.

No entanto o choro não é bem aceito em nossa cultura e quando estamos tristes e alguém nos vê assim a sua reação e dizer, "não fique triste" "não chore" pra que chorar" não vale a pena chorar". Por isso é muito comum chorarmos escondido no banheiro ou em nosso quarto, longe dos outros, como se chorar fosse algo ruim ou até mesmo errado.

Algumas pessoas pensam que chorar é um ato de fraqueza. Sente-se como se fossem fracos ou inferiores. Não chorar é tido como ser forte. Quando na verdade chorar é um ato de sensibilidade e não significa ser fraco ou forte. Faz parte de sermos humanos, com qualidades positivas e negativas, sentimentos bons e ruins, enfim, um ser completo.

(*) Overlack Ramos Campos Filho é médico psiquiatra e psicoterapeuta, analista bioenergético pelo "The International Institute for Bioenergetic Analysis - USA". Fundador e Diretor do BIOCENTRO - Centro de Análise Bioenergética e Terapias Integradas. Telefax (71) 452-3353, Internet: www.svn.com.br/biocentro, e-mail: overlack@svn.com.br
Fonte: Corpomente

Cadê minhas lembranças felizes? Fabrício Carpinejar


  


Arte de James Ensor


De todas as conversas que tive com minha mãe, só lembro aquela que me magoou.

De todos os nossos longos e curtos diálogos no carro, no ônibus, em casa, nas praças, nas caminhadas pelo bairro.

Milhares de cumprimentos, de abraços, de risos, de colos, de palavras de incentivo, de piadas e recordações, e o que guardo é ela dizendo que não presto.

Uma única vez em que não prestei entre um turbilhão de outras em que fui tratado como um príncipe.

Por que essa ingratidão memorativa? Por que essa desigualdade evocativa?

De todas as conversas que travei com meu irmão, só conservo a que nos separou.

A gente fez castelo juntos, jogou futebol, armou casinhas, confabulou planos, inventou segredos; centenas de dias ensolarados e noites de insônia partilhadas e agora desaparecidas entre o hipocampo e o córtex frontal.

O que ficou de agradável: nada.

Estou por concluir que a memória abomina a felicidade.

Não cuidamos dos positivos das lembranças, apenas colecionamos os negativos.

Não nos esforçamos para guardar os bons momentos porque temos a ideia – equivocada – de que são obrigatórios.

Há o entendimento de que normalidade é acumular glória na vida enquanto a dor é um acidente de percurso. Há a convicção de que a alegria é uma condição natural enquanto a cara fechada é uma exceção (não seria o contrário?).

Predomina em nós a compreensão ingênua da felicidade como facilidade e da tristeza como dificuldade. Ser feliz seria simples e ser triste consistiria numa tremenda injustiça.

Uma noção do mundo em linha reta, de amor em abundância, provocando o desperdício constante e perigoso.

Não preservamos as delicadezas, assim como não economizamos água, já que ela verte com ligeireza pela torneira da residência.

Não poupamos as cenas comoventes, assim como não economizamos luz, já que ela depende de um clique para clarear as paredes.

Não embrulhamos a ternura, esnobamos. Parece que é um dever recebê-la, que nossa companhia precisa nos oferecer sempre o cotidiano mais precioso. Devoramos um bolinho de chuva pensando no próximo. Beijamos a boca de nossa mulher cobiçando o segundo, o terceiro e o quarto beijo.

O que é ruim é solene. O que é bom é descartável.

A morte se torna mais inesquecível do que o nascimento. O atrito surge mais consolidado do que o primeiro encontro. A ruptura se destaca diante dos acordes iniciais da amizade.

Temos amnésia da leveza, pois deduzimos que virá mais e mais no dia seguinte. Não criamos álbuns de nossas gargalhadas, mas recortamos as cenas rancorosas e amargas como se fossem definitivas e esclarecedoras.

Somos algozes da felicidade e, ao mesmo tempo, vítimas da infelicidade.

Publicado no jornal Zero HoraColuna semanal, p. 2, 28/08/2012 - Porto Alegre (RS), Edição N° 17175

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Carta 2070




“Estamos no ano de 2070, acabo de completar os 50, mas a minha aparência é de alguém de 85.
 
Tenho sérios problemas renais porque bebo muito pouca água.
 
Creio que me resta pouco tempo.
 
Hoje sou uma das pessoas mais idosas nesta sociedade.
 
Recordo quando tinha 5 anos. Tudo era muito diferente.
 
Havia muitas árvores nos parques, as casas tinham bonitos jardins e eu podia desfrutar de um banho de chuveiro com cerca de uma hora.
 
Agora usamos toalhas em azeite mineral para limpar a pele.

Antes todas as mulheres mostravam a sua formosa cabeleira.
 
Agora devemos rapar a cabeça para a manter limpa sem água.
 
Antes o meu pai lavava o carro com a água que saía de uma mangueira. Hoje os meninos não acreditam que a água se utilizava dessa forma.

Recordo que havia muitos anúncios que diziam CUIDA DA ÁGUA, só que ninguém lhes ligava; pensávamos que a água jamais se podia terminar.
 
Agora, todos os rios, barragens, lagoas e mantos aquíferos estão irreversivelmente contaminados ou esgotados.

Antes a quantidade de água indicada como ideal para beber era oito copos por dia por pessoa adulta. Hoje só posso beber meio copo.
 
A roupa é descartável, o que aumenta grandemente a quantidade de lixo; tivemos que voltar a usar os poços sépticos (fossas) como no século passado porque as redes de esgotos não se usam por falta de água.

A aparência da população é horrorosa; corpos desfalecidos, enrugados pela desidratação, cheios de chagas na pele pelos raios ultravioletas que já não têm a capa de ozônio que os filtrava na atmosfera.

         
As infecções gastrointestinais, enfermidades da pele e das vias urinárias são as principais causas de morte.
 
A indústria está paralisada e o desemprego é dramático.
 
As fábricas dessalinizadoras são a principal fonte de emprego e pagam-te com água potável em vez de salário.

Os assaltos por um galão de água são comuns nas ruas desertas.

A comida é 80% sintética. Pela ressiquidade da pele uma jovem de 20 anos está como se tivesse 40.

Os cientistas investigam, mas não há solução possível.
 
Não se pode fabricar água, o oxigênio também está degradado por falta de árvores o que diminuiu o coeficiente intelectual das novas gerações.

Alterou-se a morfologia dos espermatozóides de muitos indivíduos, como consequência há muitos meninos com insuficiências, mutações e deformações.
 
O governo até nos cobra pelo ar que respiramos. 137 m3 por dia por habitante e adulto.

A gente que não pode pagar é retirada das “zonas ventiladas”, que estão dotadas de gigantescos pulmões mecânicos que funcionam com energia solar, não são de boa qualidade mas pode-se respirar, a idade média é de 35 anos.
 
Em alguns países ficaram manchas de vegetação com o seu respectivo rio que é fortemente vigiado pelo exército, a água tornou-se um tesouro muito cobiçado mais do que o ouro ou os diamantes.

Aqui em troca, não há arvores porque quase nunca chove, e quando chega a registrar-se precipitação, é de chuva ácida; as estações do ano tem sido severamente transformadas pelos testes atômicos e da indústria contaminante do século XX.

Advertia-se que havia que cuidar do meio ambiente e ninguém fez caso.
 
Quando a minha filha me pede que lhe fale de quando era jovem descrevo o bonito que eram os bosques, lhe falo da chuva, das flores, do agradável que era tomar banho e poder pescar nos rios e barragens, beber toda a água que quisesse, o saudável que era a gente.
 
Ela pergunta-me: Papá! Porque se acabou a água? Então, sinto um nó na garganta; não posso deixar de sentir-me culpado, porque pertenço à geração que terminou destruindo o meio ambiente ou simplesmente não tomámos em conta tantos avisos.

Agora os nossos filhos pagam um preço alto e sinceramente creio que a vida na terra já não será possível dentro de muito pouco porque a destruição do meio ambiente chegou a um ponto irreversível.

Como gostaria voltar atrás e fazer com que toda a humanidade compreendesse isto quando ainda podíamos fazer algo para salvar o nosso planeta terra!”

Documento extraído da revista biográfica “Crónicas de los Tiempos” de Abril de 2002.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Supermercado Colaborativo


Entenda como funciona um supermercado colaborativo, que não visa ao “lucro pelo lucro”

Lydia Cintra 24 de janeiro de 2012


Ideias inovadoras são aquelas que desafiam a lógica do que está estabelecido entre as pessoas. E por serem inovadoras, quebram o conforto do que é conhecido e propõem uma forma diferente (e melhor, muitas vezes) de pensar e agir.

Quando o assunto é supermercado, as coisas funcionam mais ou menos assim: existe um dono. Este dono paga funcionários que mantêm os processos em funcionamento (limpeza, estoque, logística, caixa…). O espaço fica aberto para receber clientes, que escolhem os produtos dispostos em prateleiras, pagam por eles e vão embora.

Em Londres, um grupo de pessoas decidiu fazer diferente e romper com este roteiro pré-determinado. A primeira explicação está no nome: The People’s Supermarket, ou, O Supermercado das Pessoas. A ideia foi desenvolvida no começo de 2009 por Arthur Potts-Dawson, Kate Bull e David Barrie, inspirado no exemplo do Park Slope Food Co-operative, da cidade de Nova York, EUA.

Neste novo modelo, as pessoas tornam-se membros do negócio (e cada membro é também dono) e oferecem horas de trabalho voluntário. Assim, ganham, entre outras coisas, o direito a descontos nas compras. Além do preço menor para os membros, os produtos já têm o valor reduzido, uma vez que o quadro de funcionários fixos é bem pequeno em relação a um supermercado comum.
Segundo os criadores do “Supermercado das Pessoas”, o objetivo “é criar um comércio sustentável, uma empresa social que alcança o crescimento e as metas de rentabilidade enquanto opera dentro de valores baseados no desenvolvimento da comunidade”.


Conheça 15 características do The People’s Supermarket e entenda como funciona essa nova forma de comprar:

1. Não há bônus para chefes. Ou seja, não há a concentração da renda e dos lucros. Você pode se perguntar: como viver sem lucro? A ideia é justamente pensar fora da caixa e muitas vezes de forma antagônica ao que é considerado “natural”. Uma margem de lucro menor muitas vezes simplifica as coisas. Dinheiro nem sempre é a forma mais interessante de lucro;

2. A lógica é o alimento PARA as pessoas e PELAS pessoas. Não existe consumidor final. Existem pessoam que consomem e fazem a coisa acontecer. Segundo o Manual dos Membros, a ideia é a criação de um supermercado “que destaca as possibilidades do poder do consumidor e desafia o ‘status quo’.”

3. Quem é membro também é dono do negócio e tem poder de decisão. “Quando você se torna um membro, começa a dividir a propriedade do negócio. Quando você anda em um supermercado tradicional, anda na loja de alguém. Quando é um membro, anda dentro da sua própria loja”, diz o Manual.

4. Qualquer pessoa pode comprar no supermercado. Porém, quem se torna um membro tem alguns benefícios, direitos e responsabilidades a cumprir, como: pagar uma taxa anual de 25 libras, trabalhar voluntariamente em um turno de 4 horas a cada 4 semanas, comprar regularmente no (seu) supermercado, fazer “marketing boca-a-boca” (ou seja, falar do The People’s Supermarket para amigos, colegas, conhecidos, família…) e manter-se informado sobre o que está acontecendo na empresa.

5. Dedicação, energia e engajamento são as características esperadas para quem quer ser (ou já é) um membro;

6. Uma das intenções é conectar a população urbana com a comunidade rural local, provedora dos alimentos que abastecem as cidades;

7. É importante considerar que as pessoas estão prontas para as mudanças. Por isso, novos modelos de consumo devem ser colocados em prática e naturalmente serão bem aceitos pela população (ou pelo menos por parte dela);

8. Um dos propósitos do negócio é um supermercado que atenda as necessidades dos membros da comunidade oferecendo alimentos saudáveis e de alta qualidade, por preços razoáveis;

9. As compras são feitas de fornecedores confiáveis, com os quais o supermercado cria boas relações;

10. A produção de alimentos local, nas proximidades de Londres, tem preferência. Uma das regras é comprar produtos britânicos sempre que possível;

11. Um dos principais objetivos é reduzir ao máximo o desperdício de alimentos. Uma das formas encontradas para isso foi a criação de uma “cozinha-restaurante” que prepara pratos com alimentos que estão com a data de vencimento próxima. As refeições devem ser nutritivas e saudáveis, sem conservantes e açúcar em excesso, para os clientes levarem prontas para casa.

12. Ainda para evitar o desperdício, o supermercado faz compostagem, processo de produção de adubo feito com resíduos orgânicos;

13. Como valores do negócio, o supermercado proporciona treinamentos de habilidades para seus funcionários e voluntários que podem ser aplicados tanto no trabalho quando fora dele. A empresa, a partir deste prisma, deve ser um recurso de desenvolvimento para a comunidade como um todo;

14. O ambiente de trabalho é feito para que todos dêem sua contribuição. Todos são bem-vindos e livres de julgamento. E qualquer um pode ser membro. Não há razões sociais, políticas ou religiosas que impeçam uma pessoa de fazer parte;


15. O local não vende cigarro.


Uma nova forma de estabelecer relações de compras passa pelo envolvimento de pessoas da comunidade no funcionamento do estabelecimento. Dessa forma, as pessoas se “apropriam” daquilo que faz parte do dia-a-dia (no caso, um supermercado) e fazem com que ele seja mais do que prateleiras que oferecem opções de (quase) tudo.

O modelo do The People’s Supermarket é interessante do ponto de vista da cocriação: pessoas, juntas, criam um espaço saudável de trabalho que substitui de forma bastante eficiente o modelo de consumo passivo que conhecemos hoje – que é, também, mais agressivo ao meio ambiente a às relações sociais estabelecidas dentro desse sistema.

Este espaço saudável inclui o sorriso que você dá para aquele vizinho que agora é colega de trabalho voluntário e organiza frutas nas gôndolas com você, inclui o cuidado maior que as pessoas aplicam naquilo que fazem quando o resultado está diretamente ligado a elas mesmas e a pessoas próximas e inclui, por fim, a sensação (agradável) de que o que está sendo feito gera um bem comum e não apenas o lucro pelo lucro.

Ou seja, um ambiente participativo é menos impessoal, mais caloroso e mais sustentável nas relações entre pessoas e meio ambiente.