Filosofia: Ensino e Pesquisa

Direitos Fundamentais e Democracia!

quinta-feira, 16 de março de 2017

Dupla jornada de trabalho


A Mãe e o Pai estavam assistindo televisão, quando a Mãe disse:

-  Estou cansada e já é tarde, vou me deitar!

Foi à cozinha fazer os sanduíches para o lanche do dia seguinte na escola, passou água nas taças das pipocas, tirou a carne do freezer para o jantar do dia seguinte, confirmou se as caixas dos cereais estavam vazias, encheu o açucareiro, pôs tijelas e talheres na mesa e preparou a cafeteira do café para estar pronta para ligar no dia seguinte.

Pôs ainda umas roupas na máquina de lavar, passou uma camisa a ferro pregou um botão que estava caindo.  Guardou umas peças de jogo que ficaram em cima da mesa, e pôs o telefone no lugar.

Regou as plantas, despejou o lixo, e pendurou uma toalha para secar.
Bocejou, espreguiçou-se, e foi para o quarto.

Parou ainda no escritório e escreveu uma nota para o Professor do filho, pôs num envelope junto com o dinheiro para pagamento de uma visita de estudo, e apanhou um caderno que  estava caído debaixo da cadeira.

Assinou um cartão de aniversário para uma amiga, selou o envelope, e fez uma pequena lista para o supermercado.  Colocou ambos perto da carteira.
Nessa altura, o Pai disse lá da sala:
“Pensei que você tinha ido se deitar”.

“Estou a caminho” respondeu ela.  Pôs água na tijela do cão e chamou o gato para dentro de casa.  Certificou-se de que as portas estavam fechadas.  Espreitou para o quarto de cada um dos filhos, apagou a luz do corredor, pendurou uma camisa, atirou umas meias para o cesto de roupa suja e conversou um bocadinho com o mais velho que ainda estava estudando no quarto.

Já no quarto, acertou o despertador, preparou a roupa para o dia seguinte e arrumou os sapatos.

Depois lavou o rosto, passou creme, escovou os dentes e acertou uma unha quebrada.

A essa altura, o pai desligou a televisão e disse:
“Vou me deitar”.  E foi.  Sem mais nada.

Fonte: desconhecida

terça-feira, 14 de março de 2017

Sobre o correto agir - Antonio Marques



Objetivo: O objetivo deste estudo é pensar corretamente em como devemos viver (Sócrates, A República, de Platão)?

Condição humana: Ignorância: O conhecimento da Condição humana se assemelha à luz de uma lanterna na escuridão de um Universo. Somos desconhecedores de nossas causas primeiras e de nossos fins últimos. Nossa origem, crescimento, esperanças, medos, amores e crenças são o resultado de causas que desconhecemos plenamente, entre outras questões, se são ou não, acidentais. Existe, por exemplo, vida após a morte? Uma vida individual pode continuar para lá da sepultura? Uma pessoa só tem uma vida para viver? Pela Lei da Entropia: o sistema solar, todas as conquistas humanas, todos os esforços de todas as idades, toda a devoção, toda a inspiração, todo o brilho do gênio humano, estão condenados à extinção, a serem enterrados sob os destroços de um universo em ruínas. É mesmo isto?

Teoria, Argumentação, Acordo e Aceitação:


Definições imprecisas e noções vagas: Nas ciências ditas “duras” (física, química, matemática, biologia) há um vasto corpo de verdade estabelecida , que nenhum cientista competente disputaria e que os principiantes têm de aprender a dominar. Os desacordos entre eles e controvérsias para resolverem, decorrem geralmente sobre o pano de fundo de um acordo substancial. Nas humanas, incluindo a filosofia, quase tudo é controverso. Discordam até mesmo sobre questões fundamentais. O porquê deste fato? (RACHELS, 2004, p.10). Devemos atentar para a natureza da nossa Linguagem. Em grande parte nossas definições são precárias, imprecisas e portanto nossas noções são vagas. Aceitando as regras da lógica e utilizando definições precisas, podemos fazer nossas racionalidades convergirem. Em grande parte, só não há acordo, porque os termos não foram definidos. Se há definições de termos consensuada, pode se chegar há muitos resultados em comum.

Imparcialidade: A moral implica a consideração imparcial dos interesses de cada indivíduo. (RACHELS, 2004, p.27).Em ética, provar algo é “...fornecer razões, analisar argumentos, estabelecer e justificar princípios,...” (RACHELS, 2004, p.70).

Evidência: Para não regressarmos ao infinito é preciso partir de premissas que não demandam justificativas e que portanto sejam evidentes. Entre as dificuldades do acordo está a Falsa evidência: a pessoa pensa que a sua verdade é evidente por si, não sendo necessário argumentos. O que define a Evidência?

Os juízos morais deve ser corretos, consistentes, adequados e sólidos: Terem premissas verdadeiras e a conclusão resultar logicamente delas. (RACHELS, 2004, p.16).

Os juízos morais devem fundar em boas razões;

Os interlocutores devem ser sensatos. Quem está disposto a doar ouvidos à razão? As pessoas nem sempre estão muito interessadas em argumentações, ou em aceitarem as conclusões da razão. Muitos valores e comportamentos não são fundamentados em bases racionais. Quem está disposto a <<dar ouvidos à razão>> mesmo quando isso significa ter de rever convicções prévias? (RACHELS, 2004, p.32). Uma coisa é provar que uma ideia esteja correta, outra é persuadir alguém a aceitar as provas. “Em ética é de esperar que as pessoas por vezes recusem dar ouvidos à razão. Afinal de contas, a ética pode exigir a realização de coisas que não queremos fazer, sendo, pois, muito previsível que tentemos evitar ouvir as suas exigências.” (RACHELS, 2004, p.71).

Nosso desacordo pode acontecer tanto no nosso sistemas de crenças quanto nos nossos valores.” (RACHELS, 2004, p.43) Por isto é necessário a dedicação à aumentar, pelo esforço e estudo, a compreensão do “mundo conceitual compartilhado”. O que para uma pessoa é senso comum é para outra uma ingênua banalidade.

Simplicidade: “Do ponto de vista teórico, quanto mais pequeno o número de princípios básicos melhor. O ideal seria um princípio fundamental, a partir do qual derivasse tudo o resto.” (RACHELS, 2004, p.125). “Um dos mais poderosos motivos na elaboração de uma teoria é o desejo de simplicidade. Quando estamos empenhados em explicar uma coisa, gostaríamos de descobrir uma explicação tão simples quanto possível.” (RACHELS, 2004, p.107) “A capacidade da teoria para unir fenómenos diversos sob um mesmo princípio explicativo é uma das suas grandes virtudes. Cria ordem a partir do caos. Da mesma forma, quando pensamos sobre a conduta humana, gostaríamos de descobrir um princípio para explicar tudo. Queremos uma fórmula única e simples, se conseguirmos descobrir uma, capaz de unir os diversos fenómenos do comportamento humano, da mesma forma que as fórmulas simples na física unem fenómenos aparentemente diferentes.” (RACHELS, 2004, p.107-8).

Não depender de concepções teológicas,

Não dá lugar a <<regras>> inflexíveis.Resolver conflitos de interesse. 

A moralidade é concebida para se aplicar a casos em que há conflito de interesses. ( RACHELS, 2004, p.129)


Moralidade:

Não é agradar a Deus, uma fidelidade a um tipo de código legado pela divindade,

Não é fidelidade a um conjunto de regras abstratas ou inflexíveis;

A moralidade requer respeito absoluto pelos direitos dos indivíduos. (RACHELS, 2004, p.121)

É o esforço de realizar o Sumo Bem: a maior felicidade possível (as melhores consequências), para todos os seres senscientes deste mundo. (RACHELS, 2004, p.136).

“...a moralidade é, pelo menos, o esforço para orientar a nossa conduta pela razão – isto é, para fazer aquilo a favor do qual existem melhores razões – dando simultaneamente a mesma importância aos interesses de cada indivíduo que será afectado por aquilo que fazemos.” (RACHELS, 2004, p.31)

Teorias éticas: 

Altruísmo vs egoísmo: “A moralidade requer que sejamos altruístas. Até que ponto devemos ser altruístas é uma questão de difícil resposta. (Várias teorias morais foram criticadas ou por exigirem demasiado ou por pedirem pouco.) Talvez não tenhamos de ser tão heróicos como Raoul Wallenberg, mas espera-se, ainda assim, que estejamos atentos às necessidades dos outros pelo menos até certo ponto.” (RACHELS, 2004, p.98). 

Epistemologia: Traçar a fronteira. O problema de fundo está justamente em responder com segurança, onde devemos traçar a fronteira.

A natureza da avaliação moral, dos juízos morais são diferentes de meras expressões de preferência pessoal. Se alguém diz <<eu gosto de café>>, não necessita ter uma razão para isso; poderá estar a declarar o seu gosto pessoal e nada mais. Mas os juízos morais são conclusões que requerem o apoio de razões, sendo na ausência dessas razões, meramente arbitrários. Juízos morais são sustentados por razões.” (RACHELS, 2004, p.65)Uma verdade em ética é uma conclusão apoiada por razões: a resposta correcta a uma questão moral é simplesmente a resposta que tem do seu lado o peso da razão.”  (RACHELS, 2004, p.67) Na Ética: as ideias que devem prevalecer à respeito de um assunto são as que tiverem as melhores razões do seu lado. As verdades morais são verdades da razão; isto é, um juízo moral é verdadeiro se for sustentado por razões melhores que os juízos alternativos. (RACHELS, 2004, p.10)

Como chegar num acordo quanto ao que seja as melhores razões?

Epistemologia: Paradigma: A ciência fornece o nosso paradigma de objetividade. (RACHELS, 2004, p.68)

Culturas diferentes têm códigos morais em parte diferentes em parte iguais,Devemos fazer o que melhor promover os interesses de todos;” (RACHELS, 2004, p.121).

“Se podemos beneficiar alguém sem fazer mal a outra pessoa, devemos fazê-lo.” (RACHELS, 2004, p.16)

“Estar vivo só é um benefício quando permite a alguém realizar atividades e ter pensamentos, sentimentos, e relações com outras pessoas – por outras palavras, se permite a alguém ter uma vida.” (RACHELS, 2004, p.16) 

Matar existências reduzidas ao sofrimento, é um ato de misericórdia. Mas a única pessoa capaz de decidir se este é o caso da sua vida, é a própria pessoa. (RACHELS, 2004, p.23-24)

Devem ser salvas tantas vidas quanto possível.

Não devemos <<usar>> as pessoas. É errado usar pessoas como  meios para os fins de outras pessoas;É errado matar uma pessoa para salvar outra;Toda a vida humana tem igual valor moral, independentemente da idade, raça, classe social ou deficiência. (RACHELS, 2004, p.21)

Devemos fazer o que beneficie as pessoas afectadas pelas nossas acções;...” (RACHELS, 2004, p.29)O dever de não fazer mal aos outros. Fazer o bem. 

Por que fazer o bem? Fazer o bem é vantajoso. “Seremos evitados e desprezados; os outros não quererão ser nossos amigos nem nos farão favores quando precisamos. Se as nossas ofensas aos outros forem muitas sérias, podemos até acabar na cadeia. Assim, evitar magoar os outros é algo que nos beneficia a nós mesmos;” (RACHELS, 2004, p.125). E mesmo que não beneficiasse, “...pois, apesar de poder ser usualmente vantajoso evitar fazer mal aos outros, por vezes não o é.” (RACHELS, 2004, p.126)


No comportamento, a intenção conta, mas sobretudo a ação. Essência vs aparência

Comportamento: Os reais motivos de uma ação importam, mas em última instância são inacessíveis ao Outro. Em primeira mão, o que temos para avaliar é o comportamento. Se nunca somos o que somos, se nossos motivos são escusos, se o comportamento altruísta está na realidade ligado a coisas como o desejo de ter uma vida mais significativa, o desejo de reconhecimento público, sentimentos de satisfação pessoal e a esperança de uma recompensa divina é por vezes quase impossível saber, portanto, o que mais importa é a ação, o comportamento. 

Nem sempre fazemos o que nos faz sentir bem. “Não teria tido paz de espírito durante o resto do dia se tivesse deixado aquela velha porca em sofrimento por causa dos porquinhos. Fi-lo para obter paz de espírito, percebe?” (RACHELS, 2004, p.106) ” (RACHELS, 2004, p.40).

Desejo e interesse: “Por vezes fazemos coisas que não queremos fazer, porque são um meio necessário para um fim que queremos atingir, por exemplo, não queremos ir ao dentista, mas vamos no mesmo para evitar dor de dentes.” (RACHELS, 2004, p.104). 

Móbile da ação: Os móbiles da ação são os mais variados, “As pessoas agem por avidez, fúria, luxúria, amor e ódio. Fazem certas coisas porque estão assustadas, ciumentas, curiosas, felizes, preocupadas e inspiradas. Por vezes são egoístas e por vezes generosas. Por vezes são mesmo heróicas.” (RACHELS, 2004, p.113)

Epistemologia: materialismo vs idealismo: materialismo: Os fatos existem independentemente dos nossos desejos.

Muita coisa em questão: Há que fazermos algumas distinções. Há teorias da natureza humana, estudo de como as pessoas realmente se comportam e teorias normativas sobre o devir humano, uma teoria sobre como devemos comportar-nos, assim como há teoria sobre a natureza da moralidade.

Egoísmo psicológico: Segundo o egoísmo psicológico, todas as acções humanas são motivadas pelo egoísmo. Podemos acreditar que somos nobres e abnegados, mas isso é uma ilusão. Na verdade importamo-nos apenas conosco mesmos. Ninguém é jamais verdadeiramente altruísta. (RACHELS, 2004, p.99) O egoísmo psicológico afirma que as pessoas de facto lutam pelos seus próprios interesses. (RACHELS, 2004, p.117).

Egoísmo ético: obrigação de lutar pelos seus próprios interesses. “Alcançar a sua própria felicidade é o objetivo moral mais elevado do ser humano.” AYN RAND, The Virtue of Selfishness (1961)

Emotivismo: segunda fase do subjetivismo: Segundo o emotivismo, a linguagem moral não é uma linguagem de afirmação de factos. Os juízos morais não são como afirmações verdadeiras ou falsas.(RACHELS, 2004, p.63).

Relativismo cultural: A moralidade, os hábitos que uma sociedade aprova, varia em todas as sociedades. Culturas diferentes têm códigos morais diferentes. O que se pensa ser correto num grupo pode ser inteiramente odioso para os membros de outro grupo e vice-versa. O código moral da nossa própria sociedade não tem estatuto especial, é apenas um entre muitos. (RACHELS, 2004, p.34-35). Não há uma <<verdade universal>> em ética, isto é não há verdades morais aceitas por todos os povos em todos os tempos. Certo e errado são apenas questões de opnião e as opiniões variam de cultura para cultura.” “Em algumas sociedades as pessoas acreditam que a Terra é plana. Noutras sociedades, como a nossa, as pessoas acreditam que a Terra é (aproximadamente) esférica. Segue-se daqui, do mero facto de as pessoas discordarem, que não há <<verdade objectiva>> em geografia? Claro que não; nunca chegaríamos a tal conclusão porque percebemos que, nas suas crenças sobre o mundo, os membros de algumas sociedades podem simplesmente estar errados.” (RACHELS, 2004, p.39). A analogia entre juízo moral e juízo ontológico procedem?

Subjetivismo ético simples: a moralidade é uma questão de sentimento e não de fato. (David Hume) (RACHELS, 2004, p.58). “As pessoas têm opiniões diferentes, mas no que concerne à moral não há <<factos>>, e ninguém está <<certo>>. As pessoas simplesmente sentem de forma diferente, e é tudo.” (RACHELS, 2004, p.56) Nossas opiniões morais se baseiam nos nossos sentimentos e nada mais. Nessa perspectiva, o <<objectivamente>> certo ou errado é coisa que não existe. É um facto que algumas pessoas são homossexuais e outras heterossexuais; mas não é um facto que uma coisa seja boa ou má.” (RACHELS, 2004, p.57),

Utilitarismo clássico: “O utilitarismo clássico, a teoria de Bentham e Mill, pode ser resumido em três proposições: Primeiro, deve-se julgar que as acções são moralmente certas ou erradas somente em função das suas consequências. Nada mais importa. Segundo, ao avaliar as consequências, a única coisa que interessa é a quantidade de felicidade ou infelicidade criada. Tudo o mais é irrelevante. Terceiro, a felicidade de cada pessoa conta da mesma maneira. Como explica Mill,          a felicidade que forma o padrão utilitarista do que é correcto na conduta não é a felicidade do próprio agente, mas a de todos os implicados. Entre a felicidade do agente e a dos outros, o utilitarismo exige que o agente seja tão estritamente imparcial como um espectador desinteressado e benévolo. Assim, as acções correctas são as que produzem o maior equilíbrio possível de felicidade e infelicidade, sendo a felicidade de cada pessoa contabilizada como igualmente importante.” (RACHELS, 2004, p.152). O utilitarismo faz diante de um problema a seguinte pergunta: tendo em conta as alternativas à dispor, qual delas teria as melhores consequências globais? Qual acção produziria o maior equilíbrio entre felicidade e infelicidade para todos os envolvidos? (RACHELS, 2004, p.140).

Certo e errado: Como podemos julgar as ações como certas ou erradas? Aprendemos a receitar alguns tipos de conduta e a rejeitar outros, mas nem sempre sabemos o porquê. (RACHELS, 2004, p.53) Muitas das nossas práticas, objetivamente falando, não podem ser classificadas como corretas ou incorretas pois não podem ser consideradas como um costume melhor ou pior. (RACHELS, 2004, p. 53). Há uma medida de certo e errado, além dos padrões de uma sociedade, além dos hábitos de uma população. Os nossos valores são mais que a expressão dos nossos sentimentos subjetivos. As nossas preferências morais estão fundadas em partes nas particularidades exclusivas da nossa sociedade, mas também em parte, numa espécie de padrão racional universal. “A verdade moral é objetiva e universal.” (RACHELS, 2004, p.36). “O argumento utilitarista é bastante simples. Devemos julgar as acções como certas ou erradas conforme causam mais felicidade ou infelicidade. Devemos sopesar o bem e o mal e coloca-los na balança. Mas o que fazer diante do erro? O errado deve ser sempre proibido? “...há uma diferença entre a) considerar uma prática cultural deficiente; e b) pensar que deveríamos anunciar o facto, dirigir uma campanha, aplicar pressão diplomática ou enviar o exército.” (RACHELS, 2004, p.51).

Ética: Fundamento: Razão: O fundamento da Ética é a Razão:



Premissas das quais partimos:


Decisão: O que deve nos guiar? Decisão: Como construir um guia para as pessoas comuns assim como para os legisladores, juízes e governantes, tomarem decisões morais/jurídicas/políticas? No processo de decisão humano, quem deve tomar a decisão e qual deve ser a decisão tomada? (RACHELS, 2004, p.20-21). Quando temos que decidir para o outro incapaz de decidir: Podemos adotar duas linhas de orientações razoáveis. Primeiro, podemos perguntar-nos: O que serviria melhor os seus interesses?” (RACHELS, 2004, p.17) “A segunda linha de orientação apela para as preferências da própria pessoa. Poderíamos perguntar: Se pudesse dizer-nos o que quer, que diria ela? Este tipo de pensamento é frequentemente útil quando lidamos com pessoas que sabemos terem preferências mas são incapazes de exprimi-las (por exemplo, um paciente em coma que assinou um testamento).” (RACHELS, 2004, p.18). Decisão: A “dureza” da vida e o tamanho da margem de manobra interferem nas decisões de um povo. (RACHELS, 2004, p.45)

Certo e errado: Dever(???): Temos, de fato, quaisquer deveres “naturais” para com as outras pessoas? “Temos deveres <<naturais>> para com os outros simplesmente porque são pessoas que podem ser auxiliadas ou prejudicadas pelo que nós fazemos. Se uma dada ação favorecesse (ou prejudicasse) outras pessoas, isso seria uma razão para devermos (ou não devermos) realizar essa ação. O pressuposto de senso comum é que, do ponto de vista moral, os interesses das outras pessoas contam por si.

Humanos e não-humanos: A comunidade moral tem de ser alargada para incluir todas as criaturas cujos interesses são afectados pelo que fazemos. (utilitarismo) Somos apenas uma espécie entre muitas que habitam este planeta. (RACHELS, 2004, p.149). Entre os humanos e não-humanos há muitas diferenças e semelhanças: os animais não-humanos: criaturas sensíveis e inteligentes e se não possem razão, fala ou alma, possuem sensciência, capacidade de sofrer. Sensciência: ser capaz de ter experiência de felicidade, infelicidade, prazer, dor, sofrimento. “A questão não é saber se podem usar a razão ou se podem falar mas antes se podem sofrer.” Bentham (RACHELS, 2004, p.145) O nosso tratamento dos animais não-humanos é profundamente incorrecto.” (RACHELS, 2004, p.146). O sistema de produção de carne causa grande sofrimento aos animais. Não precisamos de comer carne, as refeições vegetarianas fornecem os nutrientes necessários para nossa longevidade e saúde. Devemos deixar de comê-los e tornar-nos vegetarianos, assim como deixarmos de utilizá-lo para experiências, peles (roupas), adornos (cabeças), divertimento (zoológicos, touradas; caçada), ou seja tratá-los com igual direito à consideração moral, dando-lhes tratamento adequado à natureza de cada ser. (RACHELS, 2004, p.145- 149)

Bíblia: Há pelo menos dois problemas em confiar no texto literal para orientação. Um dos problemas é prático e o outro é teórico. O problema prático é que os textos sagrados, especialmente os mais antigos, dão-nos muito mais do que pedimos em algumas ocasiões e muito menos em outras. “A Bíblia contém uma série de preceitos gerais, como a ordem de amar o nosso próximo e tratar os outros como gostaríamos de ser tratados, que podem ser considerados relevantes para várias questões. Mas, apesar de valiosos, esses preceitos não dão respostas precisas sobre qual deve ser exatamente a nossa posição sobre os direitos dos trabalhadores, a extinção das espécies, o financiamento da investigação médica, etc.” (RACHELS, 2004, p.91) Por outro lado vemos, por exemplo em Levítico, que ela proíbe a homossexualidade, fornece instruções pormenorizadas para tratar a lepra, requisitos detalhados sobre sacrifícios pelo fogo e procedimentos complexos para lidar com mulheres menstruadas. Há um número surpreendente de regras sobre as filhas de sacerdotes, inclusivamente a anotação de que se a filha de um sacerdote <<se prostituir>> deverá ser queimada viva (21:9). O Levítico proíbe a ingestão de gorduras (7:23), proíbe uma mulher de ir à missa até 42 dias depois de dar à luz (12:4-5) e proíbe ainda ver o nosso tio despido. Esta última circunstância é, por acaso, igualmente chamada de abominação (18:14, 26). Diz também que a barba deve ter uma forma quadrada (19:27) e que devemos comprar escravos em Estados vizinhos (25:44). Há muito mais, mas isto basta para ilustrar a ideia.” (RACHELS, 2004, p.75). O problema teórico é que com frequência algumas palavras são destacadas de uma passagem relacionada com algo completamente diverso da questão em presença, e essas palavras são então interpretadas de uma forma que apoia uma posição moral da nossa preferência. Quando isto acontece é correcto dizer que uma pessoa está a <<seguir os ensinamentos morais da Bíblia>>? Ou será mais correcto dizer que essa pessoa está a procurar nas Escrituras apoio moral para o ponto de vista que pensa de antemão estar correcto, projetando então a conclusão desejada nas Escrituras?” (RACHELS, 2004, p.93)

Valores: tolerância: disposição a viver em cooperação pacífica com quem encara as coisas de forma diferente. (RACHELS, 2004, p.51)

Falibilidade: O homem é falível na aplicação da razão: “Podemos enganar-nos sobre o que é bom ou mau porque podemos estar enganados sobre o que a razão recomenda. A razão diz o que diz, alheia às nossas opiniões e desejos.” (RACHELS, 2004, p.67) Como saber se estamos certos ou não?

Lei e moralidade: A finalidade da lei é a mesma da moralidade: deve promover o bem-estar de todos os cidadãos. Bentham considerava óbvio que se a lei deve servir este propósito, não deve restringir a liberdade dos cidadãos mais do que o necessário. Em particular, nenhum tipo de atividade deve ser proibido, a menos que, ao realizá-lo, uma pessoa prejudique os outros. Bentham opunha-se, por exemplo, as leis regulando a conduta sexual <<consentida entre adultos>>, porque esta conduta não prejudica terceiros, e porque tais leis diminuem a felicidade em vez de a aumentar. Mas foi Mill quem deu a este princípio a sua expressão mais eloquente, quando escreveu no seu ensaio Sobre a Liberdade (1859): O único fim para a realização do qual a humanidade está autorizada, individual e colectivamente, a interferir com a liberdade de acção de qualquer um dos seus membros, é a autodefesa. O único propósito para a realização do qual o poder deve ser devidamente exercido sobre qualquer membro de uma comunidade civilizada, contra a sua vontade, é prevenir que seja feito mal a outros. O seu próprio bem, físico ou moral, não é garantia suficiente [...] Sobre si mesmo, sobre o seu corpo e espírito, o indivíduo é soberano.        Desta forma, para os utilitaristas clássicos, as leis proibindo a eutanásia não são apenas contrárias ao bem-estar geral, são igualmente restrições injustificáveis sobre o direito das pessoas de controlar as suas próprias vidas.” (RACHELS, 2004, p.142) “...a eutanásia, ou o suicídio assistido, deveria estar disponível quando solicitada.” (RACHELS, 2004, p.142)

Linguagem: Funções da linguagem: a linguagem é usada de várias maneiras: afirmação de factos, ou do que pensamos serem factos. Dar ordens: <<Fecha a porta!>> Esta elocução não é verdadeira nem falsa. O seu propósito não é transmitir informação; é levar alguém a fazer qualquer coisa. Não está tentando alterar as crenças de alguém; mas sim tentando influenciar-lhe a conduta.” (RACHELS, 2004, p.61) “É preciso notar claramente a diferença entre relatar uma atitude e exprimir essa mesma atitude.” (RACHELS, 2004, p.62)

Meio e fim: Fim: Sumo bem: Felicidade: todos os senscientes: “Primeiro, imaginamos a possibilidade de um determinado estado de coisas que gostaríamos de ver concretizado – um estado de coisas no qual todas as pessoas sejam tão felizes e abastadas quanto possível:   De acordo com o princípio da maior felicidade [...] o fim último, relativamente ao qual e em função do qual todas as outras coisas são desejáveis (quer consideremos o nosso próprio bem quer o bem de outras pessoas), é uma existência tanto quanto possível isenta de dor, e tão rica quanto possível de prazeres.” (RACHELS, 2004, p.137). “...garantida a toda a Humanidade, e não apenas a ela, mas tanto quanto a natureza das coisas o permite, a todas as criaturas sencientes.” (RACHELS, 2004, p.137). “Ao decidir o que fazer, devemos, pois, perguntar qual o curso de acção que irá promover a maior felicidade para todos os que serão afectados pelos nossos actos. A moralidade exige que façamos o que é melhor desse ponto de vista.” (RACHELS, 2004, p.138). “Quem poderia contestar a proposição de que devemos opor-nos ao sofrimento e promover a felicidade?” (RACHELS, 2004, p.138). “A doutrina utilitarista consiste nisto: a felicidade é desejável, e a única coisa desejável, enquanto finalidade; todas as outras coisas são desejáveis como meios para esse fim.” <<o fim não justifica os meios>>. <<o que os justifica?>>. Nada! Ou os próprios meios? “Valorizamos por si mesmas todo o tipo de coisas, como a criatividade artística e a amizade.” (RACHELS, 2004, p.154). Valor: Felicidade. Negativo: ridiculariza à distância, sem que eu nunca saiba. É isto um infortúnio para si? O hedonismo teria de responder que não, porque não lhe é causada qualquer infelicidade. Mas apesar disso sentimos que há algo errado nisto. O leitor pensa ter um amigo, e está a <<ser ridicularizado>>, apesar de nada saber e não sofrer qualquer infelicidade.” (RACHELS, 2004, p.154) Valor: Felicidade: A felicidade importa mas não é a única coisa que importa. A pergunta <<Que coisas são boas?>> é diferente da pergunta <<Que acções são corretas?>>, mas o utilitarismo responde à segunda remetendo para a primeira. As acções correctas, afirma o utilitarismo, são as que produzem o maior bem. Mas o que é bem? A resposta utilitarista clássica é <<uma coisa e só uma coisa – a felicidade>>. Como Mill afirmou, <<a doutrina utilitarista consiste nisto: a felicidade é desejável, e a única coisa desejável, enquanto finalidade; todas as outras coisas são desejáveis como meios para esse fim>>.       A ideia de que a felicidade é o bem último (e a infelicidade o mal último) é conhecida como hedonismo. O hedonismo é uma teoria popular e duradoura cuja origem remonta pelo menos à Grécia Antiga. Sempre foi atraente por causa da sua simplicidade bela e porque exprime a noção intuitivamente plausível de que as coisas são boas ou más de acordo com a forma como nos fazem sentir.” (RACHELS, 2004, p.153)

Natureza e Cultura: Fato e Valor: Ser e dever ser: Teoria da Lei Natural: O que é Natureza? Quando a natureza deve seguir o seu curso? À exceção da Igreja católica, a teoria da lei natural tem poucos defensores hoje em dia. É geralmente rejeitada por duas razões. Primeiro, parece envolver uma confusão entre <<ser>> e <<dever ser>>. No século XVIII David Hume sublinhou que o que é e o que deve ser são noções diferentes do ponto de vista lógico, e nenhuma conclusão sobre uma se segue da outra.” (RACHELS, 2004, p.88). “Os factos são uma coisa; os valores são outra. A teoria da lei natural parece fundi-los.” (RACHELS, 2004, p.88). A teoria da lei natural apoia-se numa certa concepção do mundo “Aristóteles incorporou esta ideia no seu sistema de pensamento por volta do ano 350 a.C. quando afirmou que, para compreender o que quer que seja, se deve fazer quatro perguntas: O que é? De que é feito? Como chegou à existência? E para que serve? (As respostas poderiam ser: Isto é uma faca, é feita de metal, foi fabricada por um artesão e é usada para cortar.) Aristóteles pressupôs que a última pergunta – para que serve? – podia ser sensatamente colocada a propósito do que quer que fosse. <<A natureza>>, afirmou, <<pertence à classe de causas que agem para um fim>>.” (RACHELS, 2004, p.85) Ética: Ontologia: Fato e valor: Graus ontológicos de existência: Física-química-biologia: Como descrever o mundo atual, nunca perspectiva científica, de modo que possamos falar em “fatos” sobre o certo e o errado? Existir, o que é? O que existe? Quais as naturezas dos existentes? Todo existente é um fato? Então, quantas e quais naturezas possuem os fatos? Existirão fatos morais? Podemos provar que o mundo é redondo, que não existe o maior número primo e que os dinossauros viveram antes dos serem humanos. Mas poderemos provar que o aborto é certo ou errado?” (RACHELS, 2004, p.68). “Os valores não são o tipo de coisas que possam existir como existem as estrelas e os planetas. Portanto não há factos morais da mesma maneira que há factos sobre estrelas e planetas. (RACHELS, 2004, p.67).

Todas as culturas têm alguns valores em comum. Certo e errado: Semelhança e diferença: Universalidade de fato, universalidade da expectativa: “Há aqui uma conclusão teórica geral, a saber, há algumas regras morais que todas as sociedades têm em comum, pois essas regras são necessárias para a sociedade poder existir. As regras contra a mentira e o homicídio são dois exemplos disso, pois, de facto, encontramos estas regras instituídas em todas as culturas viáveis.”  (RACHELS, 2004, p.47).

Valor: Igualdade: Teorias racistas e especistas não são éticas porque negam a igualdade e o argumento que nega a igualdade de consideração ética será considerado logicamente arbitrário, portanto inaceitável. “Há toda uma família de perspectivas morais que têm em comum o seguinte: Todas implicam dividir as pessoas em grupos e em afirmar que os interesses de alguns grupos têm mais importância do que os de outros. O racismo é o exemplo mais óbvio; o racismo divide as pessoas em grupos segundo a raça e concede mais importância aos interesses de uma raça de que aos outros. O resultado prático é que os membros de uma raça são melhor tratados do que os outros. O anti-semitismo funciona da mesma forma, e o nacionalismo também. As pessoas influenciadas por estas perspectivas pensam, com efeito, que <<a minha raça é mais importante>>, <<os que acreditam na minha religião são mais importantes>> ou <<o meu país é mais importante>>, e assim por diante.

Valor: A Imparcialidade nos leva a concluir pela Igualdade: “O requisito da imparcialidade. (...)  A ideia básica consiste em considerar os interesses de cada indivíduo como igualmente importantes; do ponto de vista moral, não há pessoas privilegiadas. Portanto, cada um de nós tem de reconhecer que o bem-estar dos outros é tão importante como o nosso.” (RACHELS, 2004, p.30) “O requisito de imparcialidade não é, pois, mais do que uma condenação da arbitrariedade no tratamento das pessoas. É uma regra que nos proíbe de tratar uma pessoa de forma diferente de outra quando não há uma boa razão para o fazer.” (RACHELS, 2004, p.31) “Só podemos justificar o tratamento diferenciado das pessoas se pudermos mostrar que há uma diferença factual entre elas que seja relevante para justificar a diferença de tratamento.” (RACHELS, 2004, p.132). “O egoísmo ético é uma teoria moral do mesmo género. Advoga que cada pessoa divida o mundo em duas categorias de pessoas – nós e todos os outros – e que encare os interesses do primeiro grupo como mais importantes do que os interesses dos do segundo grupo. Mas, pode cada um de nós perguntar, qual é afinal a diferença entre mim e todos os outros que justifica colocar-me a mim mesmo nesta categoria especial? Serei mais inteligente? Gozarei mais a minha vida? Serão as minhas realizações mais notáveis? Terei necessidades e capacidades assim tão diferentes das necessidades e capacidades dos outros? Em resumo, o que me torna tão especial? Ao não fornecer uma resposta, o egoísmo ético revela-se uma doutrina arbitrária, no mesmo sentido em que o racismo é arbitrário. Além de explicar a razão pela qual o egoísmo ético é inaceitável, isto lança também alguma luz sobre a questão de saber por que devemos importar-nos com os outros.” (RACHELS, 2004, p.133). “Devemos importar-nos com os interesses das outras pessoas pela mesma razão que nos importamos com os nossos; pois os seus desejos e necessidades são comparáveis aos nossos. Consideremos, uma última vez, as crianças a morrer à fome que poderíamos alimentar desistindo de alguns dos nossos luxos. Porque razão deveríamos preocupar-nos com elas? (RACHELS, 2004, p.134) “Se não conseguimos descobrir qualquer diferença relevante entre nós e eles, devemos então admitir que se as nossas necessidades devem ser satisfeitas, então também as suas o devem ser. É esta tomada de consciência, de que estamos em plano de igualdade uns com os outros, que constitui a razão mais profunda pela qual a nossa moralidade deve incluir algum reconhecimento das necessidades dos outros, e a razão pela qual, portanto, o egoísmo ético fracassa enquanto teoria moral.” (RACHELS, 2004, p.134)

Eu vs Outro: Equilíbrio: “...os nossos próprios interesses e os interesses dos outros são ambos importantes e devem ser sopesados. Por vezes, quando apoiamos os diferentes interesses, verificamos que devemos agir em função dos interesses dos outros; outras vezes, verificamos que devemos cuidar de nós mesmos.” (RACHELS, 2004, p.124). “Podemos pensar nisto como a perspectiva de <<senso comum>> sobre a questão: a moralidade supõe que equilibremos os nossos próprios interesses com os interesses dos outros. É compreensível, naturalmente, que olhemos pelos nossos próprios interesses, e ninguém pode ser acusado por atender às suas necessidades básicas. Mas ao mesmo tempo as necessidades dos outros também são importantes, e quando podemos ajudar os outros – especialmente quando isso não representa grande sacrifício para nós mesmos – devemos fazê-lo.” (RACHELS, 2004, p.117)

Valor: Caridade:?? “A caridade é, assim, o prazer de cada um na demonstração dos seus próprios poderes. Um homem caridoso está a provar a si mesmo, e ao mundo, que possui mais recursos que os outros: não é só capaz de cuidar de si mesmo, tem ainda o suficiente para ajudar quantos não tem a mesma capacidade que ele. Por outras palavras, está apenas a exibir a sua superioridade.” (RACHELS, 2004, p.101) Caridade: “Essa é a razão pela qual os beneficiários da <<caridade>> se mostram com tanta frequência ressentidos e não gratos.” (RACHELS, 2004, p.120)

Valor: Egoísmo, altruísmo, interesse próprio: “Porque não esquecer a <<ética>> e preocuparmos-nos apenas conosco mesmos?” (RACHELS, 2004, p.80) Altruísta: O altruísta obtêm satisfação no auxílio de outros. Importa com o que acontece aos outros.” (RACHELS, 2004, p.106). Também deseja ver os outros felizes, e age segundo esse desejo. (RACHELS, 2004, p.105) Já o egoísta apenas se preocupa com o seu bem-estar e não pensa nos outros. Egoísmo vs interesse próprio. As pessoas tendem a confundir egoísmo com interesse próprio.“O comportamento egoísta é o comportamento que ignora os interesses dos outros em circunstâncias nas quais não deviam ser ignorados. Assim, comer uma refeição normal em circunstâncias normais não é egoísta (apesar de ser, sem dúvida, do nosso interesse próprio); mas seríamos egoístas se acumulássemos comida enquanto outros passavam fome.” (RACHELS, 2004, p.108). “Não há qualquer inconsistência em desejar que todos, incluindo nós mesmos e os outros, sejam felizes.” (RACHELS, 2004, p.109) “Podemos por vezes ajudar os outros com custos mínimos, ou mesmo nenhuns, para nós próprios. Nessas circunstâncias nem mesmo o mais forte interesse próprio nos impede necessariamente de agir generosamente.” (RACHELS, 2004, p.110)

Valores: tolerância: Tolerância: Deveríamos adoptar uma atitude de tolerância face às prácticas de outras culturas? Todas?

Valor: Maldade: “...concepção não egoísta de maldade.” ?(RACHELS, 2004, p.128)

Valores: autonomia, compaixão, egoísmo, erro, frustração, honestidade, respeito, sensibilidade, verdade, veridicidade,

Valores: semelhanças e diferenças: Valores iguais em sistema de crenças diferentes podem ocasionar costumes diferentes, portanto, não podemos concluir que necessariamente há um desacordo quanto aos valores, porque os costumes diferiram. (RACHELS, 2004, p.44).

Problemas: Conflito/controvérsia/desacordo: de crenças/fatos/coisas/sobre atitudes, de desejos/posições/ de atitude (uma quer que aconteça algo que a outra não quer). Aborto: “No debate sobre o aborto, as questões religiosas nunca estão longe do centro da discussão. Os conservadores religiosos defendem que o feto é um ser humano desde o momento da concepção, e por isso afirmam que mata-lo é na realidade uma forma de homicídio. Não pensam que deva ser a mãe a escolher se quer fazer um aborto, porque isso seria como dizer que ela é livre de cometer um homicídio.        A premissa fundamental do argumento conservador é de que o feto é um ser humano desde o momento da concepção. O ovo fertilizado não é apenas um ser humano em potencial mas um ser humano de facto, com direito pleno à vida. Os liberais, é claro negam isto – afirmam que, pelo menos durante as primeiras semanas de gravidez, o embrião é menos que um ser humano completo.” (RACHELS, 2004, p.92).; Adultério, Animais: comer vacas, tratamento de animais não-humanos.; Anti-semitismo, apartheid, Atividade sexual não relacionada com fazer meninos, circuncisão feminina, comer os mortos, controle de armas de fogo, Crianças deficientes, Desigualdade social, Direito à morte, divórcio, escravatura, Ética sexual, Eutanásia: “....ele decidiu que não queria continuar a viver em tal estado. Sentia dores permanentes.” (RACHELS, 2004, p.139), A eutanásia é ilegal em todos os países ocidentais com exceção da Holanda.” (RACHELS, 2004, p.141), exposição pública dos seios, Fome: “Todos os anos milhões de pessoas morrem por subalimentação e problemas de saúde com ela relacionados. Um padrão comum entre crianças de países pobres é a morte por desidratação causada por diarreias com origem na subnutrição. O diretor executivo do Fundo das Nações Unidas de Apoio às Crianças (UNICEF) estima que cerca de quinze mil crianças morram desta forma todos os dias.” (RACHELS, 2004, p.115) “Para quem vive em países abastados, isto coloca um problema grave. Gastamos dinheiro conosco mesmos, não apenas nas necessidades da vida mas em luxos sem conta – em bons automóveis, roupas elegantes, aparelhagens, desportos, filmes, e assim por diante. No nosso país, mesmo pessoas com rendimentos modestos beneficiam de tais coisas. O problema é que podíamos abdicar dos nossos luxos e, em vez disso, doar o dinheiro para o combate à fome. O facto de não o fazermos revela que encaramos os nossos luxos como mais importantes do que as suas vidas. Porque razão permitimos que morram pessoas à fome quando poderíamos salvá-las?” (RACHELS, 2004, p.116), Homossexualidade: gays e lésbicas, Idosos: “Também os idosos, quando se tornavam demasiado fracos para ajudar a família, eram deixados ao frio e à neve para morrer.” (RACHELS, 2004, p.35), infanticídio, masturbação, Mulheres: O estatuto das mulheres, mutilação genital feminina. “De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a prática está disseminada por vinte e seis países africanos, sendo em cada ano objeto de <<excisão>> dois milhões de raparigas.” (RACHELS, 2004, p.48), Pena de morte, pornografia, Reprodução assistida, sexo oral, Suicídio, assassinato, crueldade, discriminação, fraude, impostura, logro, maldade, Maltratar, manipulação, mentira, perturbação, tortura

Bibliografia:
RACHELS, J. Elementos de Filosofia Moral.Tradução F.J. Azevedo Gonçalves. Revisão Científica: Desidério Murcho – Sociedade Portuguesa de Filosofia. Lisboa. Gradiva – Publicações Ltda, 2004.